Para o bem ou para o mal, vivemos um período em que o uso de tecnologia está completamente inserido no nosso cotidiano – e isso vale para a dupla crianças e tecnologia.
Para viver a modernidade em sua plenitude, acabamos imersos em um mundo de telas que nos impressiona e aprisiona com a mesma intensidade. Seja por obrigação ou lazer, não é raro nos pegarmos com o computador ligado, a televisão no canal predileto, o celular na palma da mão… implícitas ou explícitas, são exigências do mundo moderno, tudo ao mesmo tempo agora.
Essa é a definição de uma pessoa multitelas. Mas vá com calma, esse não se trata de um status necessariamente positivo. É preciso ter atenção aos excessos, principalmente no caso de crianças e adolescentes, cujo cérebro e conhecimento do mundo ainda estão em desenvolvimento.
O uso exagerado do ambiente virtual pode trazer, entre outros, problemas como isolamento social, depressão, ansiedade, além de poder provocar patologias relacionadas ao campo cognitivo e gerar um déficit de conhecimento.
Se para adultos já é complicado encontrar a equação ideal, imagine colocar limites ou mesmo educar gerações que já crescem e vivem a plenitude da tecnologia desde os primeiros passos? Por isso temos que discutir tecnologia para crianças.
Quanto tempo o seu filho gasta diante de telas?
Principalmente em época de Setembro Amarelo, mês que busca estimular a prevenção ao suicídio e, por consequência, alerta para os cuidados com a saúde mental, pesquisas sobre o impacto das telas no desenvolvimento infanto-juvenil ganham relevância.
Segundo a Unicef, em todo o mundo o suicídio é uma das cinco principais causas de morte entre adolescentes, sendo que uma a cada sete crianças/adolescente já convive com algum transtorno mental diagnosticado.
Claro que não é possível fazer uma relação objetiva e direta com a exposição às telas, mas o uso excessivo contribui para complicações. Com o estímulo de telas o cérebro libera uma substância química chamada de dopamina (neurotransmissor que leva informações do cérebro para diversas partes do corpo e que também é considerado um dos hormônios da felicidade). E como nos primeiros anos de vida o cérebro da criança está em processo de maturação, as horas a mais destinadas aos eletrônicos podem comprometer esse processo e desencadear em doenças.
Levantamento da Universidade Federal de Minas Gerais, por exemplo, mostra que 75% dos 6 mil pais ouvidos admitem que os filhos – todos menores de idade – passam pelo menos 3 horas por dia diante de celulares, tablets ou computadores. Se esse cenário faz parte da sua rotina, cuidado!
O assunto é sério e de difícil trato, mas tentaremos te ajudar nessa missão de entender melhor a relação das telas com a saúde plena, não apenas a mental. Além do que já abordamos acima, veja a lista com outras preocupações recorrentes que precisamos nos atentar para evitar complicações ao analisar a influência das novas tecnologias no desenvolvimento das crianças.
1 – Multitelas e a socialização
A relação das crianças e adolescentes com a tecnologia quando é exagerada torna estes usuários reclusos, deixando de lado as brincadeiras de rua, os encontros presenciais com amigos e prejudicando outras experiências humanas de uma forma geral tão importantes para o desenvolvimento saudável das pessoas, principalmente a saúde mental.
2 – Multitelas e o sedentarismo
Esse é um item bastante relevante para o universo infantil e adolescente. O encanto por telas para jogos, vídeos ou entretenimento de forma geral pode fazer com que esses jovens deixem de lado outros estímulos físicos e mentais fundamentais para o desenvolvimento, formando uma rotina que pode levar ao sedentarismo e abrir portas para outras doenças.
3 – Multitelas e os estudos
Quem tem um pouco mais de idade vai se lembrar da Barsa. Calma, não se trata de fazermos aqui apologia à volta do uso das enciclopédias clássicas para a educação. Mas realizar pesquisas apenas pela Wikipedia pode gerar desinformação, criando uma geração desacostumada à checagem de dados que leem no ambiente virtual e em aprofundar assuntos ou temas de interesse. Pode até resolver o problema pontualmente, mas o risco da superficialidade em longo prazo é grande.
4 – Multitelas e a hora de dormir
A sagrada hora de dormir não deve ser influenciada pelo uso de telas. Para revigorar corpo e mente e atingir um relaxamento pleno em qualquer idade é fundamental que haja silêncio e um ambiente escuro ao deitar-se. Por isso, a recomendação é dormir com a televisão desligada e, de preferência, com o celular longe da cabeceira da cama.
5 – Multitelas e a saúde ocular
Essa pode ser uma relação nociva em todas as idades. A exposição exagerada às telas compromete a visão em longo prazo, portanto deve ser controlada logo cedo. A dica é sempre fazer um acompanhamento oftalmológico, evitar a luminosidade e a aproximação exagerada das telas, fazer intervalos dessa exposição (pelo menos 20 minutos) e lubrificar os olhos.
6 – Multitelas e o déficit de atenção
Essa dica também é válida para qualquer faixa etária. Chega a ser óbvio, mas nem sempre percebemos que dividir a atenção em diversas tarefas simultâneas faz com que não tenhamos plenitude em nenhuma delas. Portanto, se a atividade não for estritamente de lazer, concentre-se na tarefa mais importante e não deixe as atividades secundárias desviar o seu foco. Há o tempo certo para tudo.
7 – Multitelas e a segurança
Saiba com quem o seu filho está se relacionando. Isso é o básico, para evitar questões como as que têm infelizmente se tornado frequentes nos noticiários atuais. Os amigos “virtuais” existem mesmo, são crianças da mesma idade, vão marcar encontros reais onde, quando e com a presença de quais responsáveis…
Cuide sempre da sua saúde e de todos da sua família.
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